quinta-feira, 17 de maio de 2012
não sei o que dizer
Hoje perdemos a pessoa física de Donna Summer. Claro que a artista e sua obra vivem eternamente. Ainda bem. Donna Summer é a artista mais importante da música dançante em todo o sempre. O remix e as versões estendidas de sucessos foram catapultados por ela. Nos livros de história, está lá: quem inventou o disco de 12 polegadas com apenas uma música de cada lado foram os jamaicanos e seu reggae. Mas foi com LaDonna Gaines que ganhou popularidade e definiram uma indústria que, até hoje, lança remixes de 8, 9, 14 minutos de uma música. Essa "uma" música poderia ser na verdade vários movimentos, variações sobre um tema, assim como a música clássica. Quem inventou o que se tornaria praxe foi Donna Summer, junto com seus parceiros Giorgio Moroder e Pete Bellotte.
I Love To Love You Baby foi a resposta disco (quando o termo ainda estava sendo inventado) para Je T'aime, Moi Non Plus, que havia causado escândalo em 1969. A música de Donna ocupava o lado inteiro de um LP, com quase 17 minutos. Entenderam? A versão "remix" ERA a versão do álbum. Em 1975!
Depois disso, apostaram nos discos-conceito: a trilogia do amor (A Love Trilogy), as quatro estações do ano (Four Seasons Of Love), a volta ao passado (I Remember Yesterday), cada um mais incrível que o outro. E mais ambicioso. Eram cordas, eram metais, eram orquestras, eram arranjos. E era aquela voz. A VOZ que era capaz de sussurar gemidos era também capaz de soltar agudos e graves e volumes e segurar uma nota e encarnar personagens diferentes.
Daí justamente nessa volta ao passado de I Remember Yesterday, Donna Summer termina o disco com um petardo futurista: I Feel Love, que mudou pra sempre o curso da música eletrônica. Não haviam orquestras, não haviam arranjos rebuscados, havia só um sintetizador e a voz. O resto é história, literalmente. E das boas. Das melhores.
Donna Summer será sempre lembrada como a Rainha da Disco, o que ela indiscutivelmente foi. Mas não vendeu 130 milhões de discos "só" com a disco. Passeou também pelo synth-pop do começo dos 80s, pela dance music chiclete do fim dos 80s, pelo R&B dos 90s, pelo house (lembra quando tocava State of Independence nas festas tipo Val Demente?), pelas baladas, até seu último disco Crayons em 2008, mesmo ano em que Lady Gaga nasceu pra gente. E Crayons, pensei na época quando ouvi pela primeira vez, não ficava nada a dever com o pop que estava sendo feito para a época.
O maior choque de todos é que Donna, sempre muito discreta e reservada, assim como não saía em tablóides também não avisou a quase ninguém de sua doença. Muito digna e chique. Ficará pra sempre em nossos corações e em nossos iPods, ou em qualquer formato que possa surgir.
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Um comentário:
Simplesmente apaixonante
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